terça-feira, 23 de julho de 2013

Contracorrente


De um tempo pra cá, eu havia pulado em um mar turbulento, mergulhei com a convicção de que ali eu saberia nadar...
O mar era agitado e instável. As ondas batiam e as vezes me engoliam. Quando eu conseguia subir para ver o céu, em pouco tempo ele voltava a se agitar, perdi as contas de quantas vezes eu pedi para que o mar se acalmasse. Queria que ele entendesse que eu o amava e que se havia mergulhado nele, era apenas por amor.

Nunca exigi que o mar me desse perolas, que me mostrasse ouro de embarcações naufragadas. A unica coisa que eu queria, era que me deixasse apreciar sua profundeza que me deixasse conhecer seus segredos. Toda vez que eu chegava perto de saber sobre os náufragos que o mar havia presenciado, ele fazia com que a correnteza me afastasse. Por vezes cheguei a achar que ele não me amava de volta. Me sentia uma intrusa.

Pedi a Poseidon que me tornasse sereia, para que o mar me aceitasse. Topava virar qualquer coisa, pedra, areia, microrganismo, alga... Só para que o mar me visse como parte dele.
Poseidon não respondeu ao meu chamado, então, me esforcei para continuar no mar. Aceitei as vezes que a correnteza me levou e aceitava de volta quando o mar acalmava e me chama para perto dos seus segredos.

Nunca descobri o porque ele era revolto, não consegui descobrir quais embarcações estavam escondidas nas suas profundezas. Não sei dizer o nome de todas as criaturas estranhas que vivem la. Só sei dizer que amava... mais que tudo os segredos do amar. Cheguei a amar o mar de tal forma, que acabei esquecendo como era viver na terra, como era enxergar o sol e como era simplesmente viver. Fiz do mar tão importante que esqueci de tudo o que sabia sobre mim.

Ontem o mar me assustou, me afastou mais uma vez, me levou a uma noite inteira de choro e desespero. Eu não entendia. Uma hora me deixa em sua calmaria, outra hora me colocava em correntezas.
Fiquei tão cansada de nadar para tentar fazer o mar entender que eu o amava mesmo assim, que resolvi entrar na correnteza sem pensar em nadar contra. 

Acordei deitada na areia da praia. 
Olhei para o mar e percebi que eu podia amar ele, mais nunca seria parte dele.
Levantei e procurei o caminho de volta para casa, nunca deixarei de amar o mar, apenas entendi que não posso lutar com aquilo que por natureza não pode ser mudado.

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